Palavras pronunciadas pelo Papa Bento XVI, no dia 07 de Outubro de 2012, na celebração Eucarística que abriu a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”

A evangelização, em todo tempo e lugar, tem sempre como ponto central e último Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1); e o crucifixo é por excelência o sinal identificador de quem anuncia o Evangelho: sinal de amor e de paz, chamada à conversão e à reconciliação. Que nós, venerados irmãos, sejamos os primeiros a ter o olhar posto sobre o coração dele, deixando-nos purificar por sua graça. (…)

Quisera agora refletir brevemente sobre a “Nova Evangelização”, relacionando-a com a evangelização ordinária e com a missão ad gentes.

A Igreja existe para evangelizar

A Igreja existe para evangelizar. Fiéis à ordem do nosso Senhor Jesus Cristo, seus discípulos foram por todo mundo anunciar a Boa Nova, fundando, por toda parte, as comunidades cristãs. Com o tempo, estas chegaram a ser bem organizadas com seus numerosos fiéis. Em determinado período da história a Divina Providência suscitou um renovado dinamismo sobre a atividade evangelizadora da Igreja. Basta pensar na evangelização dos povos anglo-saxônicos e eslavos, ou na transmissão do Evangelho no continente americano, e mais tarde os períodos distintos das missões para os povos da África, Ásia e Oceania. (…)

Também no nosso tempo o Espírito Santo tem suscitado na Igreja um novo impulso para o anúncio da Boa Nova, um dinamismo espiritual e pastoral que encontrou sua expressão mais universal e seu impulso competente e dinâmico no Concílio Vaticano II.

A Nova Evangelização não é Missão Ad gentes

Este renovado dinamismo de evangelização produz uma influência benéfica sobre as dos “ramos” específicos que se desenvolver a parte dela, isto é, em primeiro lugar, a missão ad gentes, este é o anúncio do Evangelho àqueles que ainda não conhecem a Jesus Cristo e sua mensagem de Salvação; e, por sua vez, a nova evangelização, direcionada principalmente às pessoas que, mesmo estando batizadas, afastaram-se da Igreja, e vivem indiferentes à práxis cristã.

A assembleia sinodal que hoje se abre está dedicada a esta Nova Evangelização, para favorecer a estas pessoas um novo encontro com o Senhor, o único plenifica com o significado profundo e de paz a nossa existência; para favorecer o redescobrimento da fé, fonte de graça que traz alegria e esperança à vida pessoal, familiar e social. Obviamente, esta orientação particular não deve diminuir o impulso missionário, no seu próprio sentido, nem na atividade ordinária de evangelização em nossas comunidades cristãs. De fato, os três aspectos da única realidade da evangelização se completam e fecundam-se mutuamente.

Chamada universal à santidade

Uma das ideias chaves do renovado impulso que o Concílio Vaticano II deu à Evangelização é foi o da chamada universal à santidade, que, como tal, diz respeito a todos os cristãos (cf. Lumen gentium, 39-42). Os santos são os verdadeiros protagonistas da evangelização e de todas as suas expressões. Eles são também, de forma particular, os pioneiros e os que impulsionam a Nova Evangelização: com sua intercessão e pelo exemplo de suas vidas, abertas à fantasia do Espírito Santo, mostram a beleza do Evangelho e da comunhão com Cristo às pessoas indiferentes ou mesmo hostis, e convidam aos crentes mornos, por assim dizer, a que com alegria vivam a fé, a esperança e a caridade, que descubram o “gosto” pela Palavra de Deus e os sacramentos, em particular pelo Pão da Vida, a Eucaristia. Santos e santas florescem entre os missionários generosos que anunciam a Boa Nova aos não cristãos, tradicionalmente nos países de missão e atualmente todos os lugares onde vivem pessoas não cristãs. A santidade não conhece barreiras culturais, sociais, políticas, religiosas. Sua linguagem – a do amor e da verdade – é compreensível a todos os homens de boa vontade e os aproxima de Jesus Cristo, fonte inesgotável de vida nova.

Disposição sincera de conversão

A visão sobre o ideal da vida cristã, expressado no chamado à santidade, impulsiona-nos a olhar com humildade a fragilidade de tantos cristãos, mais ainda, seu pecado, pessoal e comunitário, que representa um grande obstáculo para a Evangelização, e a reconhecer a força de Deus, que na fé, vem ao encontro das fraquezas humanas. Portanto, não se pode falar da Nova Evangelização sem uma disposição sincera de conversão. Deixar-se reconciliar com Deus e com o próximo (cf. 2 Cor 5,20) é a vida mestra da Nova Evangelização. Somente se purificados, os cristãos poderão encontrar o legítimo orgulho de sua dignidade de filhos de Deus, criados à sua imagem e redimidos com o sangue precioso de Jesus Cristo, e experimentar sua preciosa alegria, compartilhar com todos, com os próximos e com os distantes.

Queridos irmãos e irmãs, confiemos a Deus os trabalhos da Assembleia Sinodal com o sentimento vivo da comunhão dos santos, invocando a intercessão particular dos grandes evangelizadores, entre os quais queremos contar com grande afeto o Beato João Paulo II, cujo grande pontificado foi, também, exemplo de Nova Evangelização. Ponhamo-nos sob a proteção da Bem-Aventurada Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização. Com ela invocamos uma efusão especial do Espírito Santo, que ilumine desde o céu a Assembleia Sinodal e torna-la frutífera para o caminhar da Igreja hoje, em nosso tempo. Amém.