fe2Crer e conhecer a Deus nunca deixará de ser um dom que surpreende. Primeiramente a quem o tem, e, portanto, desafia-nos, leva-nos a agradecer. Nós, que cremos, damo-nos conta de que não o fazemos por nós mesmo, nem nasce das nossas ilusões, nem da imaginação, nem das ideias. Participamos ativamente, mas como receptores, confiando, entregando-nos, participando, crescendo, acreditando. Respondemos, por assim dizer, a fé com a fé, ao dom com a gratuidade e a responsabilidade de guarda-la. Além disso, dada as características da nossa sociedade moderna, cada dia mais combativa com a vida religiosa, acrescentar que chega um momento no qual crer e viver o caminho cristão é mantida e sustentada como dom de Deus, para que nós respondamos. Tanto o presente feito com fé, e que essa fé permaneça em nós, e nos da vida.

Aqueles que procuram fazer da fé um processo natural no homem não tem certeza do que estão falando. Desculpe. Nem tão pouco, aqueles que a humanizam até o ponto de que Deus intervém isoladamente, tornando sua presença até mesmo algo tangencial. Seja humano, muito humano. Responderá ao homem, a todas as suas inquietações e dimensões. Será social e pública, ou não será. Mas não deixará de ser pelo sobrenatural, superando ao homem e ao humano, elevando-o ao divino, fazendo-o digno de participar no conhecimento de Deus e recebe-Lo. De fato, tem em seu caráter sobrenatural a essência do seu dom e presente, do que Deus quer para o homem.

O sentido sobrenatural da fé se expressa na capacidade que tem cada fiel de aceitar e fazer sua a totalidade da revelação, e entrar, portanto, em comunhão e ter um conhecimento perfeito de Deus. Também, como expressão do anterior, em uma relação única com as outras pessoas que também receberam o dom da fé. Algo que pode, qualquer pessoa, constatar de múltiplas maneiras quando se encontra com outras pessoas que não conhecem nada e, embora, se veja unida e vinculada de forma especial através da fé. É o Espírito quem fortalece a fé de cada um que crê e une-o a outros.

O Espírito da Verdade que guia a Igreja e a conduz, dá a cada crente de forma sobrenatural e exige escuta e docilidade. Para que, deste modo:

  1. Realiza-se a adesão da fé e dos santos, testemunhas da fé. Guia, portanto, sobre o testemunho de sua vida, da palavra e das obras, com a ajuda dos nossos irmãos maiores na fé. Compartilhando com eles a santidade, contagiando-nos com a resposta valente e atrevida que deram, cada um em seu momento e contexto.
  2. Aprofunda-se nela com o juízo reto. O Espírito nos mergulha no mistério de Deus como a luz em nossa escuridão, e dá-nos a conhecer mais e mais a cada dia a misericórdia e a bondade de Deus, a salvação trabalhada na história, seu desígnio e vontade para com todos os homens.
  3. E para que se aplique cada dia mais plenamente na vida. Não se limita ao conhecimento, mas incide em nossa vontade, liberdade e capacidade de trabalhar segundo a sua vontade. Querendo o que Deus quer, amando como seu Filho. Com paciência, concedendo o perdão. Respeitando o caminho de cada um, embora com exigência. E assim levar a fé à vida e a vida à fé.