Deus quer que sejamos felizes. Plenamente felizes (Jo 15,11). Essa é uma das verdades mais fortes do cristianismo. Mas muitas vezes nos custa entender como chegar a essa felicidade que Deus nos chama.

planoO Senhor nos chama a ter vida e vida em abundância (Jo 10,10), guia-nos por seu caminho à felicidade. Sua pedagogia é simples: querer que sejamos nós mesmos. Totalmente nós mesmos. Não quer que sejamos outro, por mais santo que seja esse “outro”. Porém o caminho para chegar a sermos nós mesmos não é fácil. É um longo caminho de autoconhecimento e aceitação. De contradições e realizações. De cruzes e luz. Ninguém pode deixar de ser (1 Sm 3,11-10; Is 40,26). É uma aventura maravilhosa com um grande prêmio: a paz de coração, a felicidade da alma.

Por sorte, o Senhor nos promete sua ajuda (Jo 20,22). Então, se nos lançarmos com um coração autêntico nesse caminho, o êxito estará assegurado (Ecle 2,10). Isto se vê claramente nas palavras de Santo Ignácio de Loyola: “Estes dias o Senhor me ensinou como um mestre a seu aluno”.

Esta realidade de que Deus nos molda pessoalmente (1Jo 2,27 é evidente nos santos, pessoas que se entregaram com valentia à busca de ser eles mesmos.

Temos no nosso coração a voz de Deus, porque Ele vive em nós (1Cor 6,19). E todos a temos escutado pelo menos uma vez. Um dos caminhos que levam a esta vida de plenitude ou santidade (que é o mesmo) é justamente a de ir escutando e dando atenção ao que nosso coração nos diz. Maria, a Mãe, dá-nos segurança de que isto é assim, quando nos ensina a meditar em nosso coração (Lc 2,19).

É desta forma que nós conseguimos sermos nós mesmos plenamente. Porque esta voz nada mais é do que a nossa essência mais íntima. Aquele lugar sagrado que somente nós e Deus temos acesso. E se dizemos seguir esta voz, estaremos sendo cada vez mais fiéis a nós mesmos.

Evidentemente leva tempo para aprender a escutar-nos e mais tempo ainda para tomarmos conhecimento. Mas vale a pena!

É conveniente aprender que a verdade de nossa vida está marcada a fogo em nosso coração (onde Deus fala conosco em segredo) e que não a vamos encontra-la em outro lugar, por mais que tentamos. A verdade vive em nós, em nosso coração (1Cor 6,19). Isto explica, entre outras, as parábolas da semente no caminho (Mc 4,1-23) e da impossibilidade de servir a dois senhores (Mt 6,19-24). Não é possível seguir nossa essência e a um ou mais “ídolos” (qualquer coisa que nos fira o nosso coração) ao mesmo tempo.

Estas nos ensinam, também, que muitos homens e mulheres de Deus que dedicaram grande parte de sua vida a buscar a felicidade onde não estava e que logo se voltaram a Deus com todas as suas forças. Contam-nos suas dramáticas experiências antes de chegar a Deus.

E, conforme vamos transitando por este caminho de plenitude, vamos descobrindo nossos talentos (alguns deles permanecem, às vezes, escondidos até para nós mesmos) e vamos vendo que podemos ajudar mais e melhor ao próximo.

Sem que demos conta de tudo, nossa vida começa a brilhar. Transformamo-nos em portadores da Luz de Deus. Começamos a ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). Vamos percebendo que nosso caminho vai se iluminando e isto nos alegra plenamente.

Vamos dando conta de quanta verdade há nos ensinamentos de Jesus. A Bíblia deixa de ser um mistério para nós e dá-nos maior clareza. Tudo segue igual, porém, “tudo muda para nós”. O mundo se torna diferente a nossos olhos, cheio das mais belas maravilhas de Deus. E ficamos surpreendidos vendo uma flor, um sorriso de uma criança ou simplesmente uma árvore.

Portanto, seguimos sendo conscientes do mal, da dor. Talvez muito mais do que antes. Mas, agora, somos a resposta de Deus para estes problemas. Agora nos lançamos para mudar aquilo que Deus, em nosso coração, chama-nos a transformar. E o fazemos com notável eficácia. Porque vamos onde somos chamados e não tentamos acumular tudo de forma ineficiente.

Começamos a viver plenamente a infância espiritual (Mc 10,14) e as bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). E uma felicidade inextinguível floresce em nosso ser. Somos já pessoas plenas e felizes. Plenas do amor de Deus, mesmo nos momentos de cruz e de dor, porque sabemos que nada nos pode remover de seu amor (Tm 8,38-39)

Este é o plano que Deus tem para nós. Este é o plano que Deus tem para todos, vale a pena segui-lo.