michelangeloO conhecimento…, é sempre anterior à fé, se não há um prévio conhecimento, não pode nascer a fé, já que a fé, vai sempre referido ao conhecimento. Porque alguém nos fala, ou porque lemos, ou porque de alguma outra forma, chegamos a adquirir o conhecimento de algo, para aceitar a realidade ou verdade deste conhecimento temos de recorrer à fé, quando deste conhecimento não podemos ter nossa evidência. A evidência do que se trata, a temos quando, o vemos com nossos próprios olhos, que esse conhecimento que adquirimos, pelo que temos visto ou ouvido diretamente, é uma realidade evidente, porque o temos comprovado plenamente. Mas se não temos a evidência, porque o temos é um conhecimento por meio de terceiros, necessitamos da fé para aceitar o conhecimento do que se trata. Portanto, sempre é previamente a fé, há e tem que haver um prévio conhecimento da existência daquilo que vai ser o objeto da fé.

Se adquirimos o conhecimento de uns fatos, ou determinadas circunstâncias e as aceitamos como certas, ainda que não as vimos, temos fé, mas se não as aceitamos entramos na categoria de não crentes. Há que considerar, que de acordo com a importância que tem o conteúdo do conhecimento que adquirimos, há uma atitude diferente da nossa parte, já que se resulta que este conhecimento é irrelevante para nossa vida e conduta, o mais lógico é que o aceitemos sem buscarmos averiguações, acerca da realidade ou verdade deste conhecimento. Mas se ao contrário vemos que não nos vai complicar a vida, ainda que vejamos ou intuamos que é verdade, tratamos de não aceita-lo e repudiamos.

Todas as considerações anteriores adquirem muita importância, na vida humana, se os conhecimentos são referidos à fé religiosa, ou, em outras palavras, a existência de Deus. Aqui convém fazer uma distinção entre a existência de Deus e a aceitação de Jesus Cristo como Deus e verdadeiro homem. A existência de Deus é uma marca que Deus, no momento da criação, a impõe a todo ser humano. Até a pessoa mais ignorante da tribo indígena mais ignorada da civilização, sabe que existe um Ser superior e que ele, em sua ignorância pode identifica-lo com o sol, a lua, ou um elemento da criação, ou seja, um rio, uma montanha, até mesmo o mar se o conhece. No mundo civilizado sempre durante milhares de anos sempre se reconheceu a existência de um Ser supremo criador de tudo, o que não houve unanimidade é em todos aceitar a identidade deste Ser por todos.

O ateísmo que é a negação absoluta da existência deste Ser supremo ou o agnosticismo, que á postura de não negar nem aceitar a existência deste Ser supremo, são correntes ou pensamentos humanos muito modernos. A ninguém nem na Idade Média nem na Idade Moderna, ocorreria negar a existência de um Ser supremo, este podia chamar-se Deus, Alá, Yahvé ou Gitche manitu, que era o deus dos índios americanos, mas nunca ninguém pensava na possibilidade da não existência de Deus. Outra coisa era e é o reconhecimento de Jesus Cristo como Deus, pessoa membro da Santíssima Trindade, que é o que nós cristãos reconhecemos e, em especial, os católicos.

Para nós, os católicos, e também para outras crenças Deus pertence ao mundo do Espírito, Deus não é nada material, nem é o sol, nem a lua, nem a montanha, nem um rio, Deus é um espírito puro, como o é a nossa alma, e por isso imortal, não como nosso corpo que é matéria e mais tarde fenecerá.

Nós sabemos que a essência de Deus é amor e nada mais que amor e isto traz como consequência que para nós existem três virtudes fundamentais que são: a fé, o amor e a esperança, porque sabemos que estamos de passagem neste mundo para superar uma prova de fé em Deus, e de amor a Ele e temos a esperança de superada esta prova reunamo-nos com Ele, porque como diz Santo Tomás de Aquino: “Toda criatura começou a existir em Deus antes de existir em si mesma. Deixa a Deus, de certo modo, a emanar Dele, e de sua essência ao infinito divino se estabelece a distância do criado ao Criador. A criatura racional deve voltar atar, com Deus mesmo, este laço e reencontrar Aquele com quem esteve unido antes de existir”. Nós fomos criados pelo amor do Amor que é Ele, e esperamos reencontrar-nos com Ele. Como queira que Deus nos criou por amor, esse amor nos segue e nos exige em todos os momentos, horas e minutos, que estamos neste mundo.

Claro que é difícil, muito difícil, crer sem ver, mas nosso problema radica em querer ver, com os nossos próprios olhos. É nossa alma e não nosso corpo, a que está capacitada para ver a Deus, por ela ao ser espírito e por pertencer a mesma ordem de Deus, é a que pode relacionar-se com Deus. Nossa alma é igual ao nosso corpo dispõe de alguns sentidos sensoriais, é por isso que se fala de ver com os olhos da alma, mas para ver com os olhos da nossa alma, necessitamos de duas condições: primeiramente ocupar-nos do desenvolvimento espiritual de nossa alma, e em segundo lugar, adquirir as graças divinas suficientes para que estes olhos da alma alcancem a ter a luz divina que da claridade aos nossos olhos.

E como se consegue isto? Bem, ganhando a batalha da nossa luta ascética, o qual nos é impossível consegui-lo com somente nossas pobres forças: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados. Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos” (João 15,5-8). Sem a graça divina que sempre a temos a nossa disposição nada podemos fazer e para conseguir esta graça e, em especial o dom da fé, é necessário a oração e a frequência nos sacramentos, pois eles são os canais através dos quais Deus derrama sua graça sobre nós.