visitacaoUm dos grandes louvores que encontramos nos Evangelhos a Maria é aquele que a sua parente Isabel faz: “Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45)

Nossa vida é um caminho de fé

Toda a vida de Maria foi um caminho de fé. Toda a vida do cristão é um caminho de fé. A vida de oração é sempre um exercício da fé. Maria acreditou no que o anjo lhe havia dito da parte do Senhor e sua fé foi o que permitiu a Deus realizar a realidade da Encarnação. Ela acolheu a Deus em sua mente antes de fazê-lo em seu ventre. O homem responder a Deus com a fé.

Ver a Deus através da fé

Quiséramos, às vezes, que se rompesse o véu da fé para poder ver cara a cara, como será no céu. Embora devemos caminhar na terra na clara obscuridade da fé. Ver a Deus através da fé, isto é a oração. A oração nos permite crescer na fé, viver de fé, exercer a fé. O grande pai dos crentes é Abraão que acredito no que o Senhor havia lhe dito, deixando sua terra natal e indo até a terra que o Senhor havia lhe indicado. Todo caminho de oração é uma peregrinação na fé. Se continua caminhando até a meta, que é o próprio Deus, mas há que passar nos poucos vales escuros, provas, momentos de desanimo, de desconcerto, de insegurança, de dúvida e, portanto, temos que seguir caminhando. Como dizia São Tomás de Aquino: “É melhor ir mancando no caminho do que o fazer muito rápido” (Comentário a São João, cap. 14,2). A fé nos sustenta neste caminhar mesmo que for mancando pelo caminho justo. E a fé é alimentada, nutrida, conservada e sustentada pela oração.

A fé é a verdadeira felicidade

A fé garante uma profunda felicidade:  “feliz aquela que acreditou”. Feliz o orante que persevera na fé, que segue caminhando apesar das dificuldades; apesar das noites escuras que o Senhor pode permitir em nossas vidas. Às vezes a noite é o ambiente mais propício para se manter a intimidade com o Senhor, para conhece-lo melhor, para saborear sua presença. Sim, gostaríamos da claridade do dia. Mas esta virá com a glória celeste. No momento nós temos que nos contentar com a noite da fé, mas também na noite a alma pode gozar de uma imensa união com Deus. “Oh! Noite que me guiaste! Oh! Noite amável mais que a alvorada! Oh! Noite que juntaste o Amado com a amada, amada no Amado transformada!” (São João da Cruz). A fé nos guia como sua luz noturna ao encontro com Deus. Esta noite de fé pode ser mais amável, inclusive, do que as primeiras luzes da alvorada, que podem nos distanciar da intimidade da relação do amor com o Senhor. A noite da fé da felicidade de ver-se transformado pelo amor de Deus em uma pessoa nova, toda cheia de uma nova presença beatificante. Feliz aquele que crê e crê no que persevera na oração; crê como Maria, se põe depressa a caminhar ao encontro de sua parente Isabel para oferecer-lhe sua companhia; crê quem colocou seu olhar na meta final que nos dissabores do caminho. Crê quem, como Abraão, é capaz de sair da segurança da própria terra até aquela outra que nos mostra o Senhor.

Confia, tenha fé

A fé te deixa sem amarras: “Quando teu navio começar a criar raízes na estagnação do cais – dizia Dom Hélder Câmara – faze-te ao largo”. A fé nos pede para cortar as amarras, remar até o mais profundo do lago, estar sempre disposto a começar de novo. E isto porque se acreditou na promessa do Senhor, porque se está seguro dela e essa presença misteriosa do Amado dá ao coração uma interior e inefável felicidade. Que assim seja nossa vida.