Como muitos dos temas mais profundos da nossa vida, todos temos uma noção interna sobre o que é a felicidade, mas nos parece muito difícil explicá-la. Ocorre o mesmo quando vamos pensar em conceitos como Justiça e Solidariedade.

Geralmente quando pensamos em felicidade nós vemos os seus efeitos, mas, poucas vezes, analisamos com cuidado suas causas. O que nos faz felizes? É possível que esta felicidade seja um estado permanente?

É fácil confundir a felicidade com o bem-estar. Por isso, muitas pessoas tendem dar um sentido errado aos bens materiais em suas vidas, ao acreditar que eles lhes darão felicidade que nunca encontram. É que as coisas materiais nos dão bem-estar: é mais cômodo viajar de carro, do que usar o transporte público; é mais agradável ter abrigo quando se faz frio; é necessário ter uma televisão de 55 polegadas, do que comida na mesa; ter o celular de última geração, do que conversar com as pessoas. Por isso o bem-estar não tem nada a ver com felicidade.

A felicidade é um conceito muito mais profundo de estabilidade, de segurança, de esperança. A felicidade não é falta de problemas ou ausência de dificuldades. Se pode ser feliz em meio a tormenta? Sim, porque a felicidade não é algo que está necessariamente fora de nós. O primeiro lugar onde devemos encontrá-la é no nosso interior. É muito difícil ser feliz com uma atitude de ressentimento ou de raiva na vida. Tampouco se pode ser feliz se depositamos nosso coração em coisas materiais ou em pessoas erradas. O viver de forma contínua um conjunto de valores ganhamos a estabilidade necessária para nos sentirmos completos. A felicidade tem muito a ver com o vazio e plenitude de nossas vidas, em seu sentido mais profundo.

Mas a felicidade não está unicamente em nós mesmo, também está no doarmos aos outros: a generosidade na amizade, a ajudar ao necessitado, em apoiar alguém em momentos difíceis. O nosso doar para os outros é uma das fontes mais preciosas para se obter a genuína felicidade.

Neste nosso mundo atual de celulares, internet e tecnologia fácil colocamos nós mesmos os nossos problemas no centro de tudo, e, também, é fácil esquecermos dos outros. Embora, na medida em que nos preocupamos mais pelos outros e menos com nós mesmos conseguimos resolver dois problemas: o da pessoa que quem estamos ajudando e o nosso, porque nossa vida cobra um novo sentido.

A felicidade também tem muito que ver com nossa atitude diante dos problemas e das preocupações, que sempre estão presentes em nossa vida de uma forma ou de outra. Porém, uma atitude positiva e uma esperança contínua ajudam muitíssimo mais que uma atitude pessimista, um fechar-se em si mesmo e uma visão “amarga” da existência. A felicidade é o resultado de um esforço constante para superar os problemas ou de um trabalho intenso e continuado por muito tempo. Não se é otimista porque tudo sai sempre bem, mas porque ainda que as coisas saiam mal, confia-se que sempre haverá pessoas que nos ajudarão a superar as dificuldades.

O ser feliz não é um estado de ânimo, é uma atitude constante; para conseguir isto podemos considerar como fundamental:

– Aprender a disfrutar das pequenas e cotidianas coisas de nossa vida: o diálogo, o descanso, o trabalho, a natureza, a amizade… Devemos ser conscientes que o desejo desesperado para encontrar satisfação nos conduz a uma falsa felicidade, isto é, simplesmente um prazer.

– Ver em nossas ocupações cotidianas um motivo de Felicidade. Qualquer que seja nosso trabalho, é a expressão do que podemos e sabemos fazer. Realiza-lo com entusiasmo, fazer bem feito e de forma completa se converte em uma satisfação e nossa carta de apresentação na sociedade em que vivemos.

 – Aceitar nossas qualidades e limitações sem renunciar a melhorar sempre. Com frequência podemos focar nossa atenção nas coisas que nos faltam (bens, melhor posto no trabalho, melhor posto social). Devemos aproveitar o nosso tempo em encontrar tudo aquilo que nos ajuda a nos superar: estudar mais, nos preparar melhor para o trabalho, no nosso desempenho ou nos aproximar das pessoas que podem nos ensinar e sugerir melhores alternativas.

– Ter uma atitude positiva diante das pessoas e das circunstâncias. Isto implica na compreensão que temos pelos erros e atitudes dos demais, evitando provocar problemas e conflitos. Sempre será melhor ensinar como se pode fazer melhor as coisas, valorizando o esforço e as realizações conquistadas. Ser perseverantes nas dificuldades, esforçando-nos para descobrir o lado positivo dos problemas, tratando de tirar um bom proveito da experiência.

– Fazer o possível para criar um ambiente agradável: conte piadas, organize pequenos torneios esportivos para os amigos e a família, festeja os aniversários de todos, veja um filme que seja divertido… Não há necessidade de grandes coisas, a simplicidade sempre é o melhor meio de fazer as coisas.

A felicidade está implícita na vivência com os demais valores. Cada um nos oferece a possibilidade de levar uma vida plena, positiva e cheia de otimismo.

Não podemos renunciar a ser felizes, ao aprendermos, temos a condição de fazer felizes a quem nos rodeia. Ensinar a eles que a felicidade não está em ter uma vida fácil, mas em procuramos mutuamente a alegria, o apoio e a direção certa em todo momento.