Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca.  Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.

Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não se deixe morrer lentamente!

NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ

–Martha Medeiros

 

Reflexão

Quando escutamos a palavra “criatividade”, é muito provável que a primeira coisa que vem a nossa mente seja a imagem de algo extraordinariamente original, como uma obra de arte ou uma ideia que rompa com todo e qualquer esquema estabelecido. Se bem que, há exemplos excepcionais de expressão criativa que superam nossas expectativas e nos deixam no genuíno assombro, a criatividade é um conceito muito mais amplo do que isto. Somos seres fundamentalmente criativos e, se observarmos com maior profundidade, poderemos ver que todo o nosso se compõe de um constante fluxo de criação, e que mais amplamente a natureza inteira se manifesta assim. Basta plantar um grão de lentilha e regá-lo para que em uns dias nasça um pequeno broto que mais tarde se converterá em uma planta capaz de produzir muitos grãos de lentilha. Basta com saber que nosso corpo está constantemente se regenerando, ao ponto de que a cada sete anos o conjunto de células assim formadas em nosso corpo, se renovam por completo. Temos a incrível capacidade de criar vida com nossos corpos, carinhos com nossas mãos, empatia com nossos olhos, pequenas obras de arte com nossas palavras, pensamentos, ideias e atos. Cada minuto em que estamos vivos é um oportunidade para fazer algo novo, pensar algo novo, imaginar algo que nunca imaginamos.

Porém não estamos muito acostumados a pensar desta forma, nem sentir que realmente podemos criar algo novo. Muitos de nós assistimos a sistemas educativos que não deixaram nenhum espaço à criatividade, nem nos entregaram a confiança de que aquele impulso criativo que surge dentro de nós seja importante ou significativo. Aprendemos a imitar aquilo que já é, a reproduzir um modelo pré-existente para gradualmente nos transformar em pessoas funcionais para as estruturas do sistema e, portanto, essenciais para a sua perpetuação. Aprendemos que o diferente é excluído do aceitável, e que, portanto, para ser aceitos e, até mesmo, temos que parecermos conforme a norma. É por isso que muitos de nós nos sintamos avergonhados de expressar uma ideia incomum, de desenhar, cantar, ou ainda, imaginar, já que durante muito tempo estas qualidades foram reprimidas e negadas. Mas isto não significar que a possibilidade da criatividade vibre em nós em cada momento, e entretanto possamos nos familiarizar com ela e manifesta-la quando necessário.

Quando nos expressamos criativamente, fazemos o contrário da perpetuação de vícios do mundo. Por exemplo, estamos acostumados a reagir com agressividade cada vez que alguém nos faz ou diz algo que não gostamos, no momento que decidimos conscientemente responder a esta situação de outra forma, estamos nos expressando criativamente. Ainda que a mudança que faremos seja pequena, estamos criando uma nova maneira, ao menos para nós, e este momento deverá ser amplamente celebrado. Cada situação é uma situação nova, e, portanto, digna de ser enfrentada com olhos novos e de forma criativa. Aceitar a nossa própria criatividade vai, então, de acordo com o que fazemos em cada instante de nossa vida de uma forma nova.

Mas aceitar nossa criatividade não é o suficiente. A criatividade é algo que podemos cultivar, e com o que podemos progressivamente ir se familiarizando. Para fazer isto é importante deixar os preconceitos que possamos ter a respeito do que é o nosso ser criativo, e entender que cada um de nós terá uma forma totalmente única de expressar-se criativamente, ou de fazer arte. A expressão criativa é muito ampla para submete-la a um juízo. Cada ser humanos é um artista em potencial, e a arte que sai de nossas mãos não necessariamente tem que se parecer com arte que já conhecemos. A gama da expressão da criatividade é infinita. Pode ser desde uma forma nunca antes experimentada de contemplar o céu, ou uma forma diferente de pôr as palavras em uma situação ou ideia, até a criação de um sistema novo e complexo de imagens, movimentos ou ideologias. O importante é compreender que tudo que surge do impulso genuíno da expressão e manifestação da criatividade é completamente legitimo, e se pode transformar em uma grande começo.

Prática

O convite é para praticar criatividade, ou seja, sermos mais conscientes de cada um dos momentos em que somos criativos. Deixar fluir a expressão libertadora da criatividade que mora em nós.

A criatividades se pode cultivar de muitas formas, e uma delas é escolhendo fazer as coisas de uma outra forma. Mais especificamente, podemos expandir a gama de recursos que estamos acostumados a usar, ou das coisas que estamos acostumados a fazer. Por exemplo: se estamos acostumado sempre a demonstrar nosso carinho através das palavras, podemos escolher fazê-lo através de atos, desenhos ou silêncio. Se cada vez que estamos com mil coisas na cabeça, escolhemos lidar com o fardo sentamo-nos a pensar em algo mais, podemos escolher escrever, pintar, cantar ou dançar. Se não sabemos o que fazer ou como fazer algo, podemos fazer uma pausa e conscientemente dar espaço à imaginação. Explorar algo novo é uma boa oportunidade para conectarmos com nossa mente de principiante. Deixamos de estar no terreno do familiar e conhecido e entramos no mundo do não saber como. O que você faz quando isto acontece contigo? Que pré-conceitos surgem? Que emoções? Que descobrimentos ou aprendizagens?

Podemos fazer esta prática durante uma semana e estar atento a cada vez que nos encontrarmos com as nossas atos, hábitos negativos ou viciosos, e fazer uma pausa e perguntar-se: Posso fazer de forma diferente? Como? Isto não significa que tenhas que exigir ter uma ideia incrível e elaborada. Lembre-se que a criatividade no simples e no pequeno, e que só temos que abrir um pouco mais os olhos e estar um pouco mais presente para vê-la e expressa-la.